sexta-feira, 8 de abril de 2011

Madeira nua e crua

Nada como ter um pedaço da floresta dentro de casa. Madeiras certificadas e pranchas de demolição viram móveis encantadores nas mãos de designers. Seus veios, nós e até imperfeições valorizam as peças de aspecto natural e ecológicas - tão em alta na decoração.



Quebra-galho em acampamentos, o uso do tronco seco de árvores no lugar de mesas e bancos virou tendência na decoração. Os designers estão criando móveis que exploram ao máximo a forma e o aspecto natural da madeira maciça. A produção das peças com matéria-prima bruta cresceu nos últimos dez anos, após o surgimento da madeira certificada e dos projetos de manejo florestal sustentável, que combatem a extração descontrolada na região norte do país. Na mesma onda, aumentou a procura por móveis feitos com madeira de demolição. "Há três anos, virou moda. Além da beleza do material rústico, a proposta ecológica atrai cada vez mais clientes", diz Caio Albuquerque, dono da loja Taúna.

O arquiteto baiano Zanine Caldas criava peças com troncos nos anos 70. "Nas fazendas, os móveis sempre foram assim. Nos anos 50, já havia mesa com prancha de demolição. A moda atual vem de uma tendência de usar tudo o que é natural", diz o designer mineiro Fabrício Costa, que produz móveis com madeira de manejo e resíduos.
Para a designer Etel Carmona, a peça de madeira rústica é resgate do móvel mineiro barroco. Mas o foco, segundo ela, deve ser a preservação. "Nem sempre as madeiras são provenientes de extração correta", diz Etel, que montou a primeira movelaria de madeira certificada do país em 1999, na cidade de Xapuri, no Acre, pelo Conselho Mundial de Florestas (Forest Stewardship Council - FSC). "A proposta é usar todas as partes da árvore, não só as nobres, e a floresta em toda a sua diversidade", afirma a designer.

É importante saber que a madeira é matéria orgânica viva. Pode movimentar, escurecer ou mudar de cor. "Não existe madeira 100% seca. Por isso, esse tipo de móvel dá uma empenadinha ou apresenta rachadura", diz Fabrício Costa. Para reconhecer o móvel de madeira maciça, observe se os poros são mais abertos e se as quinas não têm separação de lâminas. A madeira certificada tem uma arvorezinha e a sigla FSC carimbadas. O envelhecimento natural, que caracteriza a madeira de demolição, é notado pelas ranhuras e pelos veios profundos.

Estante montada com cubos de madeira peroba maciça de demolição, desenhada pelo arquiteto Nelson Capusso.


As rachaduras no tampo de 1 m2 valorizam a mesa de centro feita de madeira maciça pequi e assinada pela designer Mônica Cintra.




A chaise Paraty, criada a partir de tábuas de madeira peroba de redesco-brimento pelo arquiteto Carlos Motta, tem encosto fixo que transmite segurança para deitar e relaxar no estofado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário